quarta-feira, 3 de julho de 2019

Como Matar Uma Cidade Burocraticamente

Vivemos em uma era digital. Bancos sem agência, cartões com wi-fi, basta encostar o cartão (ou o seu telefone) no caixa registrador e sua compra foi paga.

Um amigo me contou que 75% das transações do Banco do Brasil são feitas digitalmente.

Aí bandidos estouraram o caixa eletrônico da agência do BB em Pombos - PE. Esculhambaram a agência. É preciso reconstruí-la, comprar novos caixas, reforçar a segurança, refazer a decoração, portas de vidro, pintura, etc... E um burocrata, em algum lugar, sentadinho em sua sala com ar condicionado, tomando seu cafezinho e considerando sair depois do expediente com a secretária, pensou: "Pra que gastar isso tudo? Se 75% das transações são online, pra que ter uma agência numa cidadezinha daquelas? Quem quiser comprar algo vai usar o cartão de débito, fazer uma TED, usar o aifone X, né?"

E fechou-se a agência.

Dois anos se passaram.

Os matutos querem ter notas de dinheiro na mão, e não dinheiro no banco. Querem sacar o dinheiro vivo na boca do caixa e ir comprar na feira. Como em Pombos não tem mais agência do BB (e nem todos têm conta na CEF (lotérica) ou no Santander (um único caixa eletrônico pra toda a cidade, alojado no fundo de uma garagem), as pessoas vão sacar o seu dinheiro (da aposentadoria, do salário, de empréstimos ou do que quer que seja) na cidade ao lado,  Vitória de Santo Antão, onde a agência do BB fica no centro da cidade e ao lado da feira. E, já que estão lá, fazem suas compras no comércio de Vitória, e não no de Pombos.

E assim o comércio de Pombos está morrendo. As lojas vão diminuindo o faturamento, vão quebrando, fechando para não quebrar, a feira livre da cidade que, aos domingos, ocupava 3 ruas e sobrava, agora mal ocupa um quarteirão em volta do mercado de carnes. Os marchantes da cidade matavam 40 - 50 bois por semana, agora matam por volta de 20. Sem dinheiro, sem emprego, o crime está crescendo de forma desordenada e a prefeitura não sabe (ou não quer) fazer nada para tentar mudar a direção da queda.

Interessante, né? Uma pequena decisão, baseada em números, tomada por um burocrata sem a visão do todo, pode ter acabado com toda uma cidade...

Pra se pensar...

sábado, 22 de junho de 2019

Os Politicamente Chatos

O homem é um ser político.

Nada de mais, como somos animais sociais, é natural que haja disputa por quem vai dirigir um grupo. Uma cidade. Um estado. Um país.

Mas nos nossos tempos de maniqueísmo político e polarização de ideias (ajudados pelas redes sociais e o anonimato virtual do computador), uma figura está cada vez mais presente em nosso dia-a-dia: o politicamente chato. É aquele sujeito de quem você até gosta, mas que se apaixonou por um homem (talvez seja melhor dizer um pólo dessa disputa) e passa o dia lhe bombardeando com vídeos, figuras e textões cheios de adjetivos bombásticos, caixas altas e pontos de exclamação (e alguns erros de ortografia) defendendo a teologia de seu deus e atacando virulentamente o deus alheio, chamando os seus seguidores de burros, ladrões, ou qualquer outro adjetivo pejorativo que se puder colocar antes de um monte de pontos de exclamação. Claro, sem nunca se dar ao trabalho de verificar a autenticidade de suas "informações importantes".

Não importa se ele é um bolsominion ou petralha, se é coxinha ou mortadela, o politicamente chato não para de lhe enviar lixo, mesmo se você pede para que ele pare.

 A única solução parece ser bloquear o chato, sair do grupo, se isolar, para que essa azucrinação pare.

O irônico é que aí  eles te chamarão de chato...