segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Olim...piadas

Pois é, meu querido - e único - leitor.

Domingo acabou-se mais uma edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna (se errei na denominação, faça-me o favor de corrigir-me, sempre fico em dúvida). Mas voltando à vaca fria, aliás, à MEDALHA fria, como sempre acontece, desta vez tambem houve vários fatos históricos, fatos que, se não ficarem na lembrança da humanidade, ficaram na minha.

Nunca esquecerei a imagem da maratonista cambaleando ao final da corrida, mais morta que viva, andando mais por força de vontade do que por força das pernas. Houve tambem o halterofilista que excedeu os limites do corpo e teve o braço quebrado no momento de triunfo. O nadador africano que, mesmo praticamente sem saber nadar, foi, competiu e foi homenageado pelo que fez. Houve tantos momentos que iria até amanhã e não terminaria de mencioná-los.

Mas desta vez houve fatos que me marcaram. Fatos que me emocionaram. Tanto pela beleza quanto pelo grotesco ou o merecimento da situação. Vou começar pelos belos fatos:

- Na vela, o barco dinamarquês da 49er quebrou o mastro na hora da última regata. A tripulação croata, que sabia que não tinha chance nenhuma de conquistar nada, cedeu o barco aos dinamarqueses, que com ele ganharam a medalha de ouro. Pode existir mais espírito olímpico do que o dos Croatas?

- Pode, e veio do mesmo esporte: Na Star, durante a entrevista após a entrega das medalhas, o timoneiro Robert Scheidt dedicou a medalha ao seu proeiro, Bruno Prada, lembrando que mais da metade do trabalho é do proeiro, enquanto a imprensa só foca no timoneiro.

- Quer cena mais bela que a do levantador de peso alemão Mathias Steiner ao dedicar chorando o título de homem mais forte das Olimpíadas à sua mulher, morta em um acidente de carro?

- Houve o choro arrependido de Maurren Maggi, ao receber a medalha de ouro, após ter voltado da punição por dopping.

- E que dizer da americana Dara Torres, 41 anos, mãe de uma menina e com 3 medalhas de prata na natação?

E tantos outros...

... Mas agora vamos a alguns fatos grotescos, muitos dos quais merecidos:

- Dieguita Hypólita saiu do Brasil dizendo que o ouro era dela e não tinha pra ninguem. Caiu sentada, quando deveria ter caído de cara, pra aprender que o espírito olímpico é outro: O importante é competir!

- Phelps disse que iria ganhar oito ouros e já tinha vendido os direitos de fotografia com as medalas no peito. Infelizmente, os deuses não puniram tanta arogância. Fica pra próxima. Aliás,
ele, de tão superior aos outros que é, me faz pensar em algo (que, reconheço, tem até cara de teoria da conspiração): Será que houve algum dopping ainda não descoberto ou será que ele é fruto de algum acasalamento dirigido? Vôte!

- A "cobertura jornalística" o tempo todo dava notícias "da seleção brasileira". Que seleção brasileira? De qual esporte olímpico? Vela? Atletismo? Pentatlo? Natação? Judô? NÃO! Do menos olímpico de todos os esportes, o Futebol Associação. Foi uma pena ainda terem ganho alguma medalha. O bom mesmo seria que esse esporte tão cheio de desonestidade, violência e arrogância tivesse voltado pra casa apenas com o que Maria ganhou na capoeira. Além de ser retirado da lista dos esportes olímpicos.

- Usain Bolt ninguem nega que é o homem mais rápid do mundo, praticamente um Phelps do atletismo, mas reduzir o passo, olhar pra trás e bater no peito antes de vencer (batendo o recorde mundial) os 100m rasos tambem é demais tambem, né? Falta de espírito olímpico...

- Me espantei com o silêncio e a evasão do estádio quando o ex-herói nacional chinês Liu Xiang, com fortes dores, não conseguiu nem começar a prova dos 100m com barreira. Fiquei me perguntando o que acontecerá à sua família, nas mãos do governo chinês...

Pois é, meu querido - e único - leitor, agora que mais um ópio do povo passou, vamos ver o que as eleições nos trarão. Deus que nos ajude!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

"Versões"?

Está aberta a temporada 2008 de versões estrambólicas de crássicos da música internacioná.

O que? O senhor não entendeu? Pois me farei entender melhor: Está aberta a Campanha Eleitoral 2008, que os meus matutos chamam de "a política nova". E por que eu chamo de "Temporada de versões estrambólicas"?

Quando eu era criança, lá pelos idos da redemocratização, época das primeiras experiências com o voto popular em trocentos anos, os candidatos - assim como os atuais - pagavam a autores e intérpretes para que lhes fizessem "hinos de campanha", "Jingles", etc. Naquela época as canções eram praticamente originais, quando muito versões de canções mal conhecidas - e boas. Ainda hoje me lembro da canção de campanha do candidato, salvo engano, a Governador do Estado, Sérgio Murilo. Era tão legal que até quem não gostava dele a cantava.

Mas os tempos foram mudando. Os marketeiros, sempre pensando mais - óbvio - em ganhar dinheiro do que em qualidade, foram usando melodias conhecidas e grudentas de modo a mais rapidamente "fixar-se" na cabeça do eleitor. Embora despreze esta tática, vou fazer o que? Os marketeiros têm que ganhar sua vida, pagar suas amantes, suas drogas, boites, etc. Mas que é um saco, é.

Como vivo no paraíso terrestre que é o interior pernambucan0, só na semana passada ouvi umas 4 versões da canção "Don't Matter", do rapper com voz de eunuco estadunidense Akon. O que? O senhor não sabe de que canção estou falando? É aquela que toca 835 vezes por segundo no rádio que tem a seguinte primeira estrofe:

Nobody wanna see us together
But it don't matter no
(Cause I got you baby)

Ainda não a reconheceu? Apois ela foi "traduzida" por não sei quem, mas no Letras do Terra encontrei uns 6 artistas / grupos que a "cantam" sob a seguinte versão:

Não vale mais chorar por ele
Ele jamais te amou
(Jamais te amou)

Continuando, ouvi versões desta "pérola" da chatice para candidatos a prefeito da divina e maravilhosa Vitória de Santo Antão, da minha querida Pombos e da européia Gravatá. Mais uma versão para um vereador de Pombos.

Tambem tem versões daquela maravilha do cancioneiro popular, que quase fez Chico Buarque e Caetano Veloso se suicidarem por terem constatado que não têm inteligência para fazer uma canção tão especialmente perfeita (dizem as más línguas que eles foram retirados pelos bombeiros de cima de um pé de coentro, pouco antes de saltarem). Estou me referindo a "Beber, Cair e Levantar", que tem pelo menos 10 intérpretes no Letras do Terra. Ouvi versões para nem sei mais quantos candidatos a prefeito e vereador das cidades acima, mas todas passam pela seguinte fórmula:

Vamos simbora, votar,
Em xxxxxx

Onde por xxxxxx leia-se o nome ou o número dos candidatos. Se nenhum deles rima em "ar", coloca-se "em fulano, pra vida(ou cidade) melhorar"...

Agora o senhor case estas canções "da mió catiguria" com a paixão dos matutos por zoada, mais a quantidade de carros de som que percorrem as ruas de nossas cidades, muitas vezes travando verdadeiras batalhas entre si pelas ruas e praças, e imagine o inferno na terra que tornou-se uma ida à cidade. Vôte! Por isso que estou cada vez mais me escondendo na fazenda!

E até novembro, quando esse inferno passar!