segunda-feira, 20 de abril de 2020

Paz e Amor em Tempos de Coronavírus.

Sou um solitário por natureza. Sempre gostei de ficar quieto em um lugar calmo, sempre preferi viajar só, sempre gostei de tirar um tempo só pra mim.

Aí casei. E casei de novo. E tive filhos. e chegou a pandemia de Coronavírus, nos forçando ao isolamento social dentro de casa, sem sair pra nada.

E tudo mudou. Agora tenho que trabalhar na sala, cuidando dos meninos (rapagões saudáveis de 4 anos e meio) enquanto minha esposa trabalha e dorme no quarto, e minha sogra se faz de doente e dorme com a porta trancada lá dentro.

E estou em tempo de ter um troço. Não posso mais ter paz, não posso mais nem dormir direito, pois os meninos me chamam no meio da noite, minha esposa fica vendo "estorinhas" no Instagram a noite toda e as preocupações me acordam de madrugada. Até pra fazer uma refeição em paz eu preciso me esconder no quarto de empregada (que, como ficam as coisas que usei nas poucas vezes que saí à rua, não é frequentado por elas) ou então sou obrigado a comer ouvindo desgraças na TV.

Hoje chegou o sonho doirado de minha esposa, uma piscina de 1000l para colocar no terraço. E eu enchi sozinho, carregando baldes, pois a preguiça delas é maior. E depois fui deixado para conter meninos que querem ficar dentro da piscina o tempo todo.

Quando perdi o controle, fui tachado de ruim.

Estou agora, fugindo do trabalho, para escrever este post e perguntar ao senhor, meu querido e único leitor, o que tem  feito para ter paz?

Um abraço e fique em Deus!

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Como Matar Uma Cidade Burocraticamente

Vivemos em uma era digital. Bancos sem agência, cartões com wi-fi, basta encostar o cartão (ou o seu telefone) no caixa registrador e sua compra foi paga.

Um amigo me contou que 75% das transações do Banco do Brasil são feitas digitalmente.

Aí bandidos estouraram o caixa eletrônico da agência do BB em Pombos - PE. Esculhambaram a agência. É preciso reconstruí-la, comprar novos caixas, reforçar a segurança, refazer a decoração, portas de vidro, pintura, etc... E um burocrata, em algum lugar, sentadinho em sua sala com ar condicionado, tomando seu cafezinho e considerando sair depois do expediente com a secretária, pensou: "Pra que gastar isso tudo? Se 75% das transações são online, pra que ter uma agência numa cidadezinha daquelas? Quem quiser comprar algo vai usar o cartão de débito, fazer uma TED, usar o aifone X, né?"

E fechou-se a agência.

Dois anos se passaram.

Os matutos querem ter notas de dinheiro na mão, e não dinheiro no banco. Querem sacar o dinheiro vivo na boca do caixa e ir comprar na feira. Como em Pombos não tem mais agência do BB (e nem todos têm conta na CEF (lotérica) ou no Santander (um único caixa eletrônico pra toda a cidade, alojado no fundo de uma garagem), as pessoas vão sacar o seu dinheiro (da aposentadoria, do salário, de empréstimos ou do que quer que seja) na cidade ao lado,  Vitória de Santo Antão, onde a agência do BB fica no centro da cidade e ao lado da feira. E, já que estão lá, fazem suas compras no comércio de Vitória, e não no de Pombos.

E assim o comércio de Pombos está morrendo. As lojas vão diminuindo o faturamento, vão quebrando, fechando para não quebrar, a feira livre da cidade que, aos domingos, ocupava 3 ruas e sobrava, agora mal ocupa um quarteirão em volta do mercado de carnes. Os marchantes da cidade matavam 40 - 50 bois por semana, agora matam por volta de 20. Sem dinheiro, sem emprego, o crime está crescendo de forma desordenada e a prefeitura não sabe (ou não quer) fazer nada para tentar mudar a direção da queda.

Interessante, né? Uma pequena decisão, baseada em números, tomada por um burocrata sem a visão do todo, pode ter acabado com toda uma cidade...

Pra se pensar...

sábado, 22 de junho de 2019

Os Politicamente Chatos

O homem é um ser político.

Nada de mais, como somos animais sociais, é natural que haja disputa por quem vai dirigir um grupo. Uma cidade. Um estado. Um país.

Mas nos nossos tempos de maniqueísmo político e polarização de ideias (ajudados pelas redes sociais e o anonimato virtual do computador), uma figura está cada vez mais presente em nosso dia-a-dia: o politicamente chato. É aquele sujeito de quem você até gosta, mas que se apaixonou por um homem (talvez seja melhor dizer um pólo dessa disputa) e passa o dia lhe bombardeando com vídeos, figuras e textões cheios de adjetivos bombásticos, caixas altas e pontos de exclamação (e alguns erros de ortografia) defendendo a teologia de seu deus e atacando virulentamente o deus alheio, chamando os seus seguidores de burros, ladrões, ou qualquer outro adjetivo pejorativo que se puder colocar antes de um monte de pontos de exclamação. Claro, sem nunca se dar ao trabalho de verificar a autenticidade de suas "informações importantes".

Não importa se ele é um bolsominion ou petralha, se é coxinha ou mortadela, o politicamente chato não para de lhe enviar lixo, mesmo se você pede para que ele pare.

 A única solução parece ser bloquear o chato, sair do grupo, se isolar, para que essa azucrinação pare.

O irônico é que aí  eles te chamarão de chato...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Boatos matam!

Como alguns sabem, sou pai de dois bebês lindos de menos de três meses.

Como todos sabem, está havendo um problema grande com microcefalia em recém nascidos no país, e acredita-se que ela seja causada pelo vírus Zika, que também é transmitido pelo mosquito Aedes aegipti.

O que ninguém sabe é se a Zika também afeta crianças.
Repito: Não se sabe.

NÃO SE SABE!

Mas todo o mundo que ouve um boato corre a repassá-lo para mim, achando que está ajudando.
É audio no Whatsapp em que ninguém se identifica positivamente, é texto sem autor, é "uma amiga me contou", é "ouvi dizer"...
E nada de positivo.
Minto, um amigo meu, infectologista e professor de infectologia na UFAL, me disse algumas coisas verdadeiras, mas não as repassarei, pois... Virarão boato!

Se houvesse a suspeita verdadeira de que essa Zika também afetaria as crianças já nascidas, veríamos nos telejornais, nos jornais, nos sites de informação, mas nada disso aconteceu ainda, então todos, repito, TODOS os boatos são apenas isso: boatos, ESPECULAÇÃO.

Ora, direis, o que é que um pouco de precaução a mais pode fazer de mal?

E eu respondo:

O que é pior, deixar seu filho viver a vidinha dele normalmente (OK, concordo, com o risco remoto de pegar a doença) ou entupi-lo de repelentes, deixá-lo preso em um quarto com telas nas janelas e repelente químico e natural queimando na tomada, com um condicionador de ar "moendo" 24 horas por dia? Sim, pois tem gente fazendo e preconizando isso.
Pra mim, é melhor e mais saudável arriscar.
Quero manter meus filhos com o mínimo de química possível até eles estarem grandinhos, e agora é que não os quero com repelentes, etc.

Só para lembrar de como boatos matam, quem é que é Recifense e não se lembra (ou ouviu contar) do pânico que cercou a onda de boatos de quem a barragem de Tapacurá tinha se rompido? Ou quem é que nunca ouviu falar do pânico em Nova Iorque quando Orson Welles leu no rádio um trecho de "A Guerra dos Mundos"?
O mesmo está acontecendo agora, e pior: Com a velocidade da Internet, mais pessoas estão sendo expostas aos efeitos nocivos dos boatos, e possivelmente estão matando seus filhos.

Então, repito: NÃO ME MANDEM MAIS BOATOS SOBRE A ZIKA! Se algo for verdade, saberemos todos pelo jornal, OK?

quinta-feira, 19 de março de 2015

Vergonha de si mesmo

Todo o mundo tem vergonha.

Da roupa que usa, de sua barriga, do carro sujo, da pessoa mal-amanhada que lhe acompanha a um evento elegante mas vai toda mal-amanhada...

Natural ter vergonha de algumas dessas coisas, embora na maioria das vezes seja mais bobagem de quem sente vergonha do que realmente um caso embaraçante.

Mas de uns tempos pra cá tenho notado uma coisa que me tem deixado com a pulga cada vez mais atrás da orelha: Gente com vergonha de si mesmo. Com vergonha de quem é, de sua principal essência, de seu conteúdo, do coração de tudo o que mais lhe define: gente com vergonha de sua família.

Ora, o que é a família? É a união de pessoas que compartilham um ancestral em comum. Na nossa cultura ocidental, de tradição patriarcal, a família se estende através do homem. Isso vem desde tempos primitivos, onde as mulheres eram "caçadas" no mato, sendo capturadas a outros grupos e trazidas para o do novo marido, passando pelo costume de se "comprar" uma esposa (quem nunca ouviu falar de dote ser dado ou recebido?), mas sempre lembrando-se que a mulher é quem vai para a família do marido, sendo a dela descartada.

Aí vemos hoje em dia pessoas que arrenegam o seu nome. Que usam o nome de solteira da mãe (ou às vezes ainda pior, da avó) apenas por que não é "bonito". Gente que, embora seja Silva (por exemplo), vai usar o "Miüsov" da bisavó, apenas por que "soa estrangeiro".

Honestamente, cansei dessa gente.

Cansei de quem tem vergonha de si mesmo. Vou deixá-los ir embora.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O famigerado "Politicamente Correto"

Pois é, meu querido - e único, se ainda não tiver morrido de tédio - leitor. O senhor já ouviu falar de "Politicamente Correto"?

De acordo com a Wikipedia, significa "se refere a uma suposta política que consiste em tornar a linguagem neutra em termos de discriminação e evitar que possa ser ofensiva para certas pessoas ou grupos sociais, como a linguagem e o imaginário racista ou sexista."

Na prática significa viver prestando atenção ao que vai dizer, dizer banalidades ou o pior, se calar pra não ofender as sensibilidades de alguem ou algum grupo.

EU ODEIO A PORRA DO POLITICAMENTE CORRETO!

Com todos os diabos, por que ninguem pode me chamar de gordo, já que tenho 140kg e 1,82m? Por que não posso chamar um sujeito de 1,55m de anão? Por que não podem me chamar de feioso? Só por que alguem poderá ficar tristinho?

Morra o tristinho! Eu sou gordo, lerdo e feio. Um sujeito com 1,55m não é anão mas está perto (escapou por 7cm). Quem tem cabelos loiros é galego e quem tem a tez clara é branquelo. Quem não anda é aleijado, e quem não vê é cego. Não é uma josta de nome que vai mudar o que uma pessoa é ou não! Como já disse Shakespeare, uma rosa por outro nome não perderia seu aroma.

Me dá uma raiva ver gente que, ao invés de trabalhar ou se divertir vive a patrulhar o que os outros dizem, pensam em fazem! Gente que vai a uma festa mas consegue desagradar a todos ao chamar uns e outros de "brutos", ignorantes ou ultrapassados (ou coisa pior) apenas por que dizem o que pensam...

Esse povo não vê como é desagradável. Como estraga festas e reuniões familiares (virtuais ou presenciais) só com seus comentários inoportunos. Como tiram a espontaneidade de qualquer ajuntamento de pessoas. Como desmancham prazeres.

E o pior é que quando a gente manda um se lascar, NÓS é que somos os chatos! Pode? Pode, se é isso o que acontece...
Sei não, tem horas em que acho que devia ter me mudado praquela caverna, quando podia. Até por que hoje deve ser politicamente incorreto morar em cavernas, vai que ofende a um neanderthal ou ermitão medieval...

Até logo, que vou dormir enquanto ainda se pode!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Lugares a que adoramos ir no Carnaval

Meu querido e único leitor!
Após quase dois anos sem contato, aqui estou eu de novo para conversarmos sobre a temporada anual de falta de respeito.

Ano passado não lhe escrevi, reconheço que por preguiça, mas agora estou aqui para comentar sobre o ano passado e este tambem.

Ano passado, fomos passar os cinco dias de inferno na Ilha de Itamaracá - PE, lugar de carnaval e bundaxezal tradicionais, onde íamos todos os anos, quando lá tínhamos casa, mas agora que ela foi vendida e o dinheiro bem aplicado, passamos o período momesco num excelente hotel às margens do Canal do Forte, ao lado do Forte Orange, na parte sul da ilha. De lá fizemos passeios maravilhosos, fomos a Pocinho (piscinas naturais) e ao Porto Vasco de jangada, fomos ao Pontal (outro lado) da ilha de carro, tivemos várias horas agradabilíssimas na beira da piscina, e tudo isso quase sem repercussão carnavalescosa. O hotel inventou de contratar uma "bandinha" local pra "animar a piscina, mas quando, no primeiro dia, começaram a tocar seu teclado, mesmo baixinho, a maior parte dos hóspedes que estavam por ali se levantou e saiu. No segundo dia, quando começaram a tocar, um senhor mostrou a eles que não agradavam a ninguem. Sugeriu que eles fossem embora e nos deixassem em paz. Dito e feito e o resto do feriadão passou na maior paz. Pode ser melhor do que isso?

Este ano fizemos algo que não fazíamos a mais de vinte anos: Viemos passar o feriadão no Canadá. Calma! Não saímos do país não, é que nosso pequeno imóvel rural chama-se Fazenda Canadá. Aqui é que tem sido melhor mesmo. Nada de zoada, só a lida com o gado, a visita de amigos e família (comemoramos o aniversário de meu velho e querido pai) e paz. Alguns pequenos passeios a Gravatá e Caruaru programados, e fora isso só descanso e paz.

Isso é que é feriado!

Um abraço e até mais!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Olim...piadas

Pois é, meu querido - e único - leitor.

Domingo acabou-se mais uma edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna (se errei na denominação, faça-me o favor de corrigir-me, sempre fico em dúvida). Mas voltando à vaca fria, aliás, à MEDALHA fria, como sempre acontece, desta vez tambem houve vários fatos históricos, fatos que, se não ficarem na lembrança da humanidade, ficaram na minha.

Nunca esquecerei a imagem da maratonista cambaleando ao final da corrida, mais morta que viva, andando mais por força de vontade do que por força das pernas. Houve tambem o halterofilista que excedeu os limites do corpo e teve o braço quebrado no momento de triunfo. O nadador africano que, mesmo praticamente sem saber nadar, foi, competiu e foi homenageado pelo que fez. Houve tantos momentos que iria até amanhã e não terminaria de mencioná-los.

Mas desta vez houve fatos que me marcaram. Fatos que me emocionaram. Tanto pela beleza quanto pelo grotesco ou o merecimento da situação. Vou começar pelos belos fatos:

- Na vela, o barco dinamarquês da 49er quebrou o mastro na hora da última regata. A tripulação croata, que sabia que não tinha chance nenhuma de conquistar nada, cedeu o barco aos dinamarqueses, que com ele ganharam a medalha de ouro. Pode existir mais espírito olímpico do que o dos Croatas?

- Pode, e veio do mesmo esporte: Na Star, durante a entrevista após a entrega das medalhas, o timoneiro Robert Scheidt dedicou a medalha ao seu proeiro, Bruno Prada, lembrando que mais da metade do trabalho é do proeiro, enquanto a imprensa só foca no timoneiro.

- Quer cena mais bela que a do levantador de peso alemão Mathias Steiner ao dedicar chorando o título de homem mais forte das Olimpíadas à sua mulher, morta em um acidente de carro?

- Houve o choro arrependido de Maurren Maggi, ao receber a medalha de ouro, após ter voltado da punição por dopping.

- E que dizer da americana Dara Torres, 41 anos, mãe de uma menina e com 3 medalhas de prata na natação?

E tantos outros...

... Mas agora vamos a alguns fatos grotescos, muitos dos quais merecidos:

- Dieguita Hypólita saiu do Brasil dizendo que o ouro era dela e não tinha pra ninguem. Caiu sentada, quando deveria ter caído de cara, pra aprender que o espírito olímpico é outro: O importante é competir!

- Phelps disse que iria ganhar oito ouros e já tinha vendido os direitos de fotografia com as medalas no peito. Infelizmente, os deuses não puniram tanta arogância. Fica pra próxima. Aliás,
ele, de tão superior aos outros que é, me faz pensar em algo (que, reconheço, tem até cara de teoria da conspiração): Será que houve algum dopping ainda não descoberto ou será que ele é fruto de algum acasalamento dirigido? Vôte!

- A "cobertura jornalística" o tempo todo dava notícias "da seleção brasileira". Que seleção brasileira? De qual esporte olímpico? Vela? Atletismo? Pentatlo? Natação? Judô? NÃO! Do menos olímpico de todos os esportes, o Futebol Associação. Foi uma pena ainda terem ganho alguma medalha. O bom mesmo seria que esse esporte tão cheio de desonestidade, violência e arrogância tivesse voltado pra casa apenas com o que Maria ganhou na capoeira. Além de ser retirado da lista dos esportes olímpicos.

- Usain Bolt ninguem nega que é o homem mais rápid do mundo, praticamente um Phelps do atletismo, mas reduzir o passo, olhar pra trás e bater no peito antes de vencer (batendo o recorde mundial) os 100m rasos tambem é demais tambem, né? Falta de espírito olímpico...

- Me espantei com o silêncio e a evasão do estádio quando o ex-herói nacional chinês Liu Xiang, com fortes dores, não conseguiu nem começar a prova dos 100m com barreira. Fiquei me perguntando o que acontecerá à sua família, nas mãos do governo chinês...

Pois é, meu querido - e único - leitor, agora que mais um ópio do povo passou, vamos ver o que as eleições nos trarão. Deus que nos ajude!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

"Versões"?

Está aberta a temporada 2008 de versões estrambólicas de crássicos da música internacioná.

O que? O senhor não entendeu? Pois me farei entender melhor: Está aberta a Campanha Eleitoral 2008, que os meus matutos chamam de "a política nova". E por que eu chamo de "Temporada de versões estrambólicas"?

Quando eu era criança, lá pelos idos da redemocratização, época das primeiras experiências com o voto popular em trocentos anos, os candidatos - assim como os atuais - pagavam a autores e intérpretes para que lhes fizessem "hinos de campanha", "Jingles", etc. Naquela época as canções eram praticamente originais, quando muito versões de canções mal conhecidas - e boas. Ainda hoje me lembro da canção de campanha do candidato, salvo engano, a Governador do Estado, Sérgio Murilo. Era tão legal que até quem não gostava dele a cantava.

Mas os tempos foram mudando. Os marketeiros, sempre pensando mais - óbvio - em ganhar dinheiro do que em qualidade, foram usando melodias conhecidas e grudentas de modo a mais rapidamente "fixar-se" na cabeça do eleitor. Embora despreze esta tática, vou fazer o que? Os marketeiros têm que ganhar sua vida, pagar suas amantes, suas drogas, boites, etc. Mas que é um saco, é.

Como vivo no paraíso terrestre que é o interior pernambucan0, só na semana passada ouvi umas 4 versões da canção "Don't Matter", do rapper com voz de eunuco estadunidense Akon. O que? O senhor não sabe de que canção estou falando? É aquela que toca 835 vezes por segundo no rádio que tem a seguinte primeira estrofe:

Nobody wanna see us together
But it don't matter no
(Cause I got you baby)

Ainda não a reconheceu? Apois ela foi "traduzida" por não sei quem, mas no Letras do Terra encontrei uns 6 artistas / grupos que a "cantam" sob a seguinte versão:

Não vale mais chorar por ele
Ele jamais te amou
(Jamais te amou)

Continuando, ouvi versões desta "pérola" da chatice para candidatos a prefeito da divina e maravilhosa Vitória de Santo Antão, da minha querida Pombos e da européia Gravatá. Mais uma versão para um vereador de Pombos.

Tambem tem versões daquela maravilha do cancioneiro popular, que quase fez Chico Buarque e Caetano Veloso se suicidarem por terem constatado que não têm inteligência para fazer uma canção tão especialmente perfeita (dizem as más línguas que eles foram retirados pelos bombeiros de cima de um pé de coentro, pouco antes de saltarem). Estou me referindo a "Beber, Cair e Levantar", que tem pelo menos 10 intérpretes no Letras do Terra. Ouvi versões para nem sei mais quantos candidatos a prefeito e vereador das cidades acima, mas todas passam pela seguinte fórmula:

Vamos simbora, votar,
Em xxxxxx

Onde por xxxxxx leia-se o nome ou o número dos candidatos. Se nenhum deles rima em "ar", coloca-se "em fulano, pra vida(ou cidade) melhorar"...

Agora o senhor case estas canções "da mió catiguria" com a paixão dos matutos por zoada, mais a quantidade de carros de som que percorrem as ruas de nossas cidades, muitas vezes travando verdadeiras batalhas entre si pelas ruas e praças, e imagine o inferno na terra que tornou-se uma ida à cidade. Vôte! Por isso que estou cada vez mais me escondendo na fazenda!

E até novembro, quando esse inferno passar!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

As calçadas de Vitória

Todo o mundo sabe que eu sou completamente a favor do empreendedorismo e da informalidade, mas mesmo a informalidade precisa ter alguns limites, alguma organização.

Informalidade no sentido de menos impostos pagos e melhor remuneração para o empreendedor e seus empregados é o ideal, mas até as barracas de camelô têm que respeitar alguma regra.

Têm que respeitar os seus clientes.

Se não vira bagunça, atentado contra o outro.

E é isto o que está acontecendo em Vitória de Santo Antão, a completa falta de respeito, a maior desorganização urbana possível. Não sou eu quem vou dizer como se deve administrar uma cidade, nem vou alegar que Vitória seja a única cidade com problemas urbanos do mundo, apenas utilizá-la-ei como exemplo por ter que andar (e procurar sobreviver) quase todos os dias em suas ruas.

O senhor, meu único leitor, notou que eu disse andar em suas ruas? Isso mesmo. Em Vitória anda-se pelas ruas, já que as calçadas do centro da cidade estão totalmente tomadas por vendedores ambulantes, que espalham suas mercadorias, seus tabuleiros e seu lixo pelas calçadas. Outro dia até reparei bem e vi que há tabuleiros de ambulantes feitos sob medida para ocupar a totalidade da calçada. Isto só deixa ao transeunte a alternativa de andar pela rua, em meio ao lixo, aos mototáxis e aos carros.

Mas, argumentará o senhor, a prefeitura não faz nada para remediar essa situação? Não procura remover e/ou disciplinar os ambulantes? A resposta é NÃO! A prefeitura não apenas não procura remover os ambulantes da rua como tambem estimula tal prática, ao edificar bares e quiosques nas praças a serem alugados a tais comerciantes. Ora, se a Prefeitura estimula o uso de praças como feiras livres, por que não se poderá usar as ruas tambem?

O que sei é que ninguem sabe mais onde se vai parar. Certos trechos da avenida principal da cidade, de duas faixas para veículos já estão com apenas uma, pois a outra foi tomada pelos ambulantes (ou seria melhor dizer fixos?) que sobraram das calçadas sobrelotadas e pelos pedestres. Daqui a pouco o trânsito de veículos será impedido naquele mercado ao ar livre.

E aí, como será?

Será que o senhor poderá me responder?

terça-feira, 22 de abril de 2008

Gafanhotos

Filmes americanos da década de 70 mostravam gangues de motociclistas que fechavam ruas, provocavam desordens e paralisavam cidades enquanto "se divertiam". Essas gangues deram tanta dor-de-cabeça aos governantes que terminaram sendo perseguidas pela justiça e hoje em dia são mais coisas de "velhos cães", escondidos pelas estradas americanas.

Mas estamos hoje, aqui em Recife, sendo aperreados por uma cria "de pobre" dessas gangues de motociclistas que, sem o glamour (ou a violência) de seus ancestrais, tambem nos fecham as ruas, impedem o trânsito, paralisam bairros inteiros sob a égide da "diversão e saúde". Gangues que trocaram o másculo e protetivo couro negro da indumentária dos motociclistas pela efeminada lycra cor-de-rosa, amarela e laranja das roupas de banho das praias nordestinas. Claro que agora o senhor, meu querido e único leitor, já notou que me refiro aos abusivos "clubes de ciclistas. A entidades (mesmo algumas sendo tão informais quanto suas ancestrais) que infestam as noites de nossa cidade, fechando cruzamentos de avenidas e ruas inteiras sob a desculpa de que "seus integrantes têm o direito ao lazer".

Já diz um velho ditado que o direito de um acaba quando começa o direito do outro. Para preservar o direito do ciclista nossa cidade conta com uma complexa malha de ciclovias (e faixas exclusivas para ciclistas) que abrange quase toda a sua área, portanto para que esse abuso de direito ao impedir-se o livre trânsito de veículos (inclusive e principalmente de transporte de passageiros, no final do dia) nas ruas e avenidas principais de nossa cidade?

Acho que já passou da hora de nossas autoridades tomarem atitudes visando a conter e banir essas gangues do século XXI e relegá-las ao mesmo destino de suas ancestrais mais caras: O banimento ou a cadeia.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

PPS e PPT: O novo vírus?

Copiado de http://vislumbrando.blogspot.com

Quando comecei a usar computadores IBM-PC, mais de dez anos atrás, comprei e li tudo o que pude sobre vírus de computadores. Em um dos livros se falou muito sobre o tal do "internet bug", um vírus (na verdade, um cavalo de tróia, ou Trojan para os que sabem chinês) que se propagou como um raio pela então incipiente e limitada rede de computadores universitários, paralisando servidores pelo expediente simples de sobrecarregá-los com excesso de tarefas.
Que tarefas seriam estas, deverá estar-se perguntando meu eventual leitor, e eu respondo: Reenviar-se a todos os computadores conectados a aquele servidor e mandar imprimir todos os arquivos que encontrasse estavam entre as prosaicas tarefas que paralisaram empresas e universidades inteiras durante dias.
O tempo passou, e novas implementações deste mesmo vírus foram aparecendo, procurando fazer o mesmo que ele: Paralisar servidores pelo excesso de trabalho. Mas apareceram softwares antivírus que os detectam assim que chegam aos milhões de computadores que hoje estão conectados à rede, e estes vírus terminaram tendo pouca ou nenhuma oportunidade de voltar à berlinda e às manchetes.
Aí apareceu a terceira geração de chatos, que fazem as pessoas tambem perderem tempo, além dos computadores. Chatos que não apenas são indetectáveis mas tambem são extremamente eficazes em desperdiçar o tempo (pessoal e computacional) alheio e conseguem, ainda hoje, paralisar servidores corporativos e provedores de internet: Os PPS e PPT.Mas, a senhora me pergunta, o que diabos são esses PPS? São arquivos de apresentaçãos de slides gerados no Powerpoint com pouco (ou nenhum) texto, mas cheios de figurinhas lindas, sons e fontes coloridas e animadas. Para passar uma mensagem de 10 linhas, cria-se 15 a 20 slides com fotos de cãezinhos, gatinhos, abelhas, fontes coloridas, uma canção dos Beattles (inteira, e em alta qualidade) e pronto! Aí temos um PPS de 8MB. Depois é só enviá-lo por email para umas 20 pessoas ingênuas que elas se encarregarão de repassá-lo para todos que conhecem, que repassarão, para mais dezenas ou centenas de pessoas, que repassarão...
Em pouco tempo servidores inteiros serão paralisados apenas para enviar estes enormes emails sobre nada, e uma das ferramentas de comunicação mais úteis da história é inutilizada. Apenas para que a senhora veja se o que estou dizendo não é verdade: Preste atenção quando estiver baixando seus emails. Quando a barrinha de progresso der uma parada no tempo e demorar a chegar uma mensagem, preste atenção e verá que aquela mensagem que demorou é uma com um anexo cheio de fotos, canções e blablablá.
Vivo informando as pessoas sobre esta nova maneira de desperdício de tempo, mas tem gente que não entende, portanto às vezes me vejo obrigado a bloquear a entrada de emails de pessoas que insistem em enviar este tipo de lixo eletrônico. Quem sabe se todos nós não fizermos o mesmo a Internet, hoje lenta, não se agilizará?

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

E finalmente acabou!

Pois é, meu único leitor, acabou a temporada anual da falta de respeito.

Mas, estaria o senhor se perguntando, que temporada é essa? Apois é o carnaval!

Se o senhor estiver se perguntando se eu estou louco ou não, se sou algum tipo de anormal, que tal parar e pensar comigo um instante?

Senão vejamos:

1. A Quaresma é o período de quarenta dias de penitência, sobriedade e jejum que antecede a Páscoa. Um período de preparação para a festa pascal, durante o qual se deve jejuar, penitenciar-se e até mesmo abster-se de coisas de que gostamos (sexo, chocolate, álcool, etc.) em preparação para a grande festa da morte e ressurreição de Jesus. Bueno, se o senhor não for cristão, vá lá que seja: de preparação a celebração da ressurreição da natureza na primavera (hemisfério Norte, não se esqueça).
2. Como a Quaresma é um período de privação e abstinência, se costumava fazer uma grande festa orgiástica um dia antes de seu começo para "descarregar a tensão" e não sentir muita falta de tudo durante estes quarenta dias.
3. Até aí tudo bem. Uma grande festa na noite de véspera é legal. Mas uma noite virou um dia. Que virou feriado. E virou dois. Que se estenderam ao sábado e viraram quatro. Então a indústria do entretenimento notou as possibilidades comerciais e inventou a "semana pré-carnavalesca", o "mês do carnaval", o "carnaval até o fim do mês" (ou seja, durante a Quaresma), etc. e acabou-se tudo.

Hoje em dia, o que era uma festa particular e com horário, música baixinha, etc. virou um pandemônio, um Deus-nos-acuda, cheio de "ninguem é de ninguem", sexo, drogas e, (com perdão da má expressão), música baiana, vulgo bundaxé. Virou desculpa para se fazer zoada nas oiças dos outros até altas horas (ou 24 horas sem parar), obrigando os outros a ouvir o que o dono da aparelhagem de som gosta. Virou a época em que, em nome da "folia", se vê personagens travestidas em animais, plantas, etc. empurrando os outros e instando-os a "se alegrarem, pularem feito macacos, pois é carnaval". Virou uma competição entre organizadores de espetáculos para saber quem exibe mais mulheres seminuas. Seminuas? Quem exibe mais mulheres nuas com maçarocas de penas amarradas às costas! Este ano, num arroubo de falta de respeito, um conhecido "bloco", que tende mais para bando, de Recife, o famigerado "Cabeça de Touro", acordou uma pacata comunidade suburbana às 0500 da manhã de um sábado (que nem era o tal do Sábado de Zé Pereira) soltando fogos de artifício do topo de um trio elétrico que atroava os ares com uma zoada ininteligível misturada com... Mugidos de boi!

Este ano, cansados de tanta zoada e falta de respeito, eu e minha família fomos passar o período "momesco" na paradisíaca Praia de Peroba, em Maragogi, Alagoas, crentes que teríamos algum sossego. Mas o que? Desde as 0900 até à noite o nosso hotel instalava enormes caixas de som à beira da piscina, reproduzindo apenas o pior da bundaxé. A casa ao lado o hotel decidiu apoiá-lo e um carro trouxe a reboque uma carrocinha repleta de caixas de som, que faziam dueto com as do hotel. Até hoje não me sai da cabeça a incrível letra daquela "belíssima canção": "Beber, cair e me levantar, beber, cair e me levantar, beber, cair e me levantar, beber, cair e me levantar, beber, cair e me levantar, beber, cair e me levantar, beber, cair e me levantar, beber, cair e me levantar, beber, cair e me levantar". Claro, após ter tocado pelo menos 835 vezes ao dia, durante 5 longos dias, não havia como eu não decorá-la, não é?

Ainda bem que o grosso dessa suprema expressão da falta de gosto nacional já passou. Agora vou sossegar até que chegue a onda das "micaretas", a mesma desgraça, mas "fora de época". Até mais!

Vôte!