quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Boatos matam!

Como alguns sabem, sou pai de dois bebês lindos de menos de três meses.

Como todos sabem, está havendo um problema grande com microcefalia em recém nascidos no país, e acredita-se que ela seja causada pelo vírus Zika, que também é transmitido pelo mosquito Aedes aegipti.

O que ninguém sabe é se a Zika também afeta crianças.
Repito: Não se sabe.

NÃO SE SABE!

Mas todo o mundo que ouve um boato corre a repassá-lo para mim, achando que está ajudando.
É audio no Whatsapp em que ninguém se identifica positivamente, é texto sem autor, é "uma amiga me contou", é "ouvi dizer"...
E nada de positivo.
Minto, um amigo meu, infectologista e professor de infectologia na UFAL, me disse algumas coisas verdadeiras, mas não as repassarei, pois... Virarão boato!

Se houvesse a suspeita verdadeira de que essa Zika também afetaria as crianças já nascidas, veríamos nos telejornais, nos jornais, nos sites de informação, mas nada disso aconteceu ainda, então todos, repito, TODOS os boatos são apenas isso: boatos, ESPECULAÇÃO.

Ora, direis, o que é que um pouco de precaução a mais pode fazer de mal?

E eu respondo:

O que é pior, deixar seu filho viver a vidinha dele normalmente (OK, concordo, com o risco remoto de pegar a doença) ou entupi-lo de repelentes, deixá-lo preso em um quarto com telas nas janelas e repelente químico e natural queimando na tomada, com um condicionador de ar "moendo" 24 horas por dia? Sim, pois tem gente fazendo e preconizando isso.
Pra mim, é melhor e mais saudável arriscar.
Quero manter meus filhos com o mínimo de química possível até eles estarem grandinhos, e agora é que não os quero com repelentes, etc.

Só para lembrar de como boatos matam, quem é que é Recifense e não se lembra (ou ouviu contar) do pânico que cercou a onda de boatos de quem a barragem de Tapacurá tinha se rompido? Ou quem é que nunca ouviu falar do pânico em Nova Iorque quando Orson Welles leu no rádio um trecho de "A Guerra dos Mundos"?
O mesmo está acontecendo agora, e pior: Com a velocidade da Internet, mais pessoas estão sendo expostas aos efeitos nocivos dos boatos, e possivelmente estão matando seus filhos.

Então, repito: NÃO ME MANDEM MAIS BOATOS SOBRE A ZIKA! Se algo for verdade, saberemos todos pelo jornal, OK?

quinta-feira, 19 de março de 2015

Vergonha de si mesmo

Todo o mundo tem vergonha.

Da roupa que usa, de sua barriga, do carro sujo, da pessoa mal-amanhada que lhe acompanha a um evento elegante mas vai toda mal-amanhada...

Natural ter vergonha de algumas dessas coisas, embora na maioria das vezes seja mais bobagem de quem sente vergonha do que realmente um caso embaraçante.

Mas de uns tempos pra cá tenho notado uma coisa que me tem deixado com a pulga cada vez mais atrás da orelha: Gente com vergonha de si mesmo. Com vergonha de quem é, de sua principal essência, de seu conteúdo, do coração de tudo o que mais lhe define: gente com vergonha de sua família.

Ora, o que é a família? É a união de pessoas que compartilham um ancestral em comum. Na nossa cultura ocidental, de tradição patriarcal, a família se estende através do homem. Isso vem desde tempos primitivos, onde as mulheres eram "caçadas" no mato, sendo capturadas a outros grupos e trazidas para o do novo marido, passando pelo costume de se "comprar" uma esposa (quem nunca ouviu falar de dote ser dado ou recebido?), mas sempre lembrando-se que a mulher é quem vai para a família do marido, sendo a dela descartada.

Aí vemos hoje em dia pessoas que arrenegam o seu nome. Que usam o nome de solteira da mãe (ou às vezes ainda pior, da avó) apenas por que não é "bonito". Gente que, embora seja Silva (por exemplo), vai usar o "Miüsov" da bisavó, apenas por que "soa estrangeiro".

Honestamente, cansei dessa gente.

Cansei de quem tem vergonha de si mesmo. Vou deixá-los ir embora.